Assim que os Rolling Stones completaram cinquenta primaveras, muito se especulou sobre o que poderia sair para celebrar essa façanha. Já se esperava algo que enchesse os olhos, como aconteceu há dez anos atrás, quando fora lançada a coletânea Forty Licks e todos os seus “parentes” em seguida: turnê mundial, o DVD quádruplo Four Flicks e o álbum ao vivo Live Licks.
Enfim, depois de a maioria torcer por um novo disco e uma série de shows pelo mundo, foi anunciado então o lançamento de um belo livro de fotografias, a coletânea Grrr! (com duas boas canções inéditas), uma mini-turnê de quatro shows caríssimos e, por fim, o documentário Crossfire Hurricane, que veio com a promessa de cobrir todo o meio século de vida da banda.
Talvez pela grandiosidade que esses cinquenta anos significam ou mesmo pelo resultado final, o filme infelizmente deixa a desejar. Dirigido por Brett Morgen, Crossfire Hurricane é um trabalho competente, mas o fato é que os Stones continuam devendo um filme definitivo, algo em um formato que conte essa extensa e singular história como de fato ela merece ser contada.
Apesar de trazer uma enxurrada de depoimentos dos próprios Stones (inclusive dos ex-integrantes), o produto documental é um pouco superficial. Para quem conhece bem a filmografia do grupo, logo de cara perceberá que muitos dos filmes mais clássicos, como Gimme Shelter (1970), Let’s Spend The Night Together (1982) e principalmente Ladies and Gentleman: The Rolling Stones (1973) aparecem em demasia para rechear o longa, causando assim uma impressão de estar chovendo no molhado.
Crossfire Hurricane dá aquela sensação de que os 111 minutos do filme poderiam facilmente durar o dobro ou mais. Mesmo porque, chega-se a um determinado ponto da trajetória, mais ou menos no início da década de 1980, e o filme acaba meio que do nada... Mancada feia.
Comparando com o documentário 25x5 (1989), que saiu logo que o grupo completou 25 anos de estrada, Crossfire Hurricane ganha fácil em beleza e apelo, porém perde em informação. Agora, deixando de lado a análise mais profunda, o lançamento é gostoso de assistir, aliás, tratando-se de Rolling Stones, é quase certo de que haverá alguma boa diversão. E talvez seja isso que o filme tenha como propósito no final das contas: uma amostra despretensiosa da grandiosidade da maior banda de rock do mundo.
Enfim, se o filme não te agradar, pelo menos o som com certeza não vai te deixar na mão, o que já é um bom motivo para assisti-lo sem medo de sair perdendo.
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