Existe confusão dentro das nossas cabeças. Quando isso tomou
conta de mim por volta das 17 horas notei que paralelamente ao sentimento de
confusão existe uma determinada coisa que chamo de “clareza”. A clareza não é
iluminada, não é branca, amarela ou bonita; não é coisa alguma que eu possa
dizer. Você sabe o que é somente quando verifica dentro de você, em silêncio. E
o que é a minha clareza que pretendo expor? Despindo esta palavra de qualquer significado
ou imagem ou o que quer que seja, esta coisa que chamo clareza nada mais é que
a aceitação da confusão. Existe confusão dentro das nossas cabeças. Ponto. Quanta
energia vamos gastar tentando organizar essa fonte inesgotável de poeira e de nós
cegos? Por quanto tempo pretendo continuar com isso? Essa energia se chama
tempo, e gasto parte preciosa da minha vida raciocinando em tempo, enquanto
esse tempo passa. E quanto mais o tempo percorre, maior a sensação de confusão
e de artificialidade. E hoje percebi que quando não combatemos a confusão ela
para de ser um inferno e se torna algo neutro, misturado, como uma cachoeira
que a gente observa e não tenta contar quantas bolhas passa correndo pela nossa visão. Você sabe que ela é o que é, e isso já basta. A natureza é neutra. Minha
mente é parte da natureza. A confusão é
neutra. Não preciso agir: tudo flui. Acho que começo a enxergar sem exigir,
ainda que de modo bastante obtuso. Isso é sério.
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